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Só uma bicicleta?

Você! Sim, você. Responda rápido: você é simplesmente você, completamente independente do resto do universo? Não, definitivamente não! Somos completamente dependentes de tudo que nos cerca. Tudo está interligado.
Fazemos parte de um organismo vivo, somos integrados a um todo, até em nossas atitudes mais íntimas e individuais. Erra quem crê que pode viver isoladamente e de maneira auto-suficiente. Isso vale para tudo e com a bicicleta não é diferente.

É cada vez mais difícil para mim escrever sobre bicicletas. O fato é que quanto mais me aprofundo no assunto mais tenho certeza que sei muito pouco. A diferença de dias passados é que hoje tenho mais maturidade, cultura e consciência de minhas limitações. O entendimento da escala humana perante o universo ficou claro, navegando em alto mar. A verdade é que somos praticamente nada e dependemos completamente da boa vontade do que nos cerca. A vida urbana nos tira esta escala.

Quando se ganha experiência tudo fica mais simples e ao mesmo tempo mais complexo. Nunca fui tão feliz. Devo muito à bicicleta que me ensinou a usar bom senso, ser equilibrado e pensar de maneira coletiva. Ensinou-me o balanço entre ser levado e levar. Somos uma sociedade de especialistas. Mas, ser especialista em um universo desordenado, pode não funcionar tão bem. A Bicicleta tem a capacidade de transformar um neurótico cidadão, centrado em suas obrigações, em um distraído apreciador da paisagem, dos sons locais, dos cheiros e da vida que está ao seu redor. Passamos a olhar para fora de nossas pressas e desesperos. A Bicicleta é altamente eficiente contra a neurose.

Nossa vida é um tremendo barulho de individualidades.
Todos os ensinamentos para educação da alma falam sobre a importância do silêncio. A Bicicleta transporta seu condutor de maneira silenciosa e a uma velocidade hamônica com a escala humana. Ela transforma sutilmente quem se aventura a pedalar. A Bicicleta não é o único fator de nossas vidas que pode nos levar a esta descoberta. Muito pelo contrário. Pessoalmente o gosto da liberdade vem com a corrida a pé porque não necessita de apetrechos para ir onde quiser. Mas a bicicleta tem a capacidade de se transformar em mestre. Ensina a pescar a vida, mas não dá o peixe.

Nós da Escola de Bicicleta amamos a bicicleta. Amamos a bicicleta! O que é totalmente diferente de sermos apaixonados ou obcecados por ela. Hoje, mais maduros, acreditamos no que o "pedalar dos anos" nos ensinou: antes de olhar para si, olhar para fora, olhar para o mundo, aprender com o que vem de fora. Se permanecer olhando apenas para si na certa irá se desequilibrar e cair. Olhe para frente, olhe longe e mantenha sua direção correta.

 
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