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capítulo 17. Que bicicleta comprar - Bicicleta montada
 
O que é "montar uma bicicleta" ou também "bicicleta montada"?
 
As duas formas de expressão são usadas para definir qualquer bicicleta com a marca do quadro ou da bicicletaria de onde foi comprada, que não é de marca conhecida, ou até mesmo, sem nenhuma marca. Geralmente elas são montadas numa bicicletaria, o que é um fenômeno típico do mercado brasileiro.
A expressão "montar uma bicicleta", no sentido de colocar a mão na massa, também é usado por quem vai comprar uma bicicleta pronta numa bicicletaria. A verdade é que todas, incluindo as grandes e ou melhores marcas, são de alguma forma "bicicletas montadas". A diferença entre uma montagem de fundo de quintal ou de bicicletaria e de um fabricante de qualidade respeitável, está na qualidade que uma empresa grande é obrigada a seguir, para não perder mercado e, principalmente, não correr riscos de ser processada.
Marcas que estão no mercado internacional trabalham com uma margem muito pequena de erro porque qualquer perda costuma ser grande. O simples erro numa cor ou grafia custa muito caro. Já os erros no funcionamento de qualquer peça ou componente de uma bicicleta dificilmente passam impunes. Construir um nome é muito difícil; arruinar é fácil, rapidinho. Vide o caso da Toyota causado por um desastroso projeto errado de tapete; sim tapete.
 
 
O Negócio da Bicicleta aqui no Brasil
 
Pequenos negócios conseguem reverter grande parte de seus próprios erros com certa facilidade. No negócio da bicicleta aqui no Brasil, que é completamente desregrado, é facílimo fugir das responsabilidades ética, moral ou legal, até mesmo da criminal. A quase totalidade das bicicletarias não tem conhecimento técnico com qualidade necessária para montar uma bicicleta de acordo com os preceitos legais de segurança estabelecidos pelo Código de Trânsito Brasileiro e normas técnicas.
Montar uma bicicleta qualquer um pode fazê-lo, mas montar um veículo funcional, durável e seguro, os capazes são raros. Aliás, são poucos os que poderiam ser classificados como "mecânico de bicicleta". Não faz muito que fabricantes começaram a promover cursos técnicos para mecânicos e a maioria só trabalha com bicicleta topo de linha ou importada, principalmente importada.
 
Calcula-se que 50% das bicicletas vendidas no Brasil sejam "montadas". A qualidade dessas bicicletas varia muito e, no geral, está longe do aceitável para um veículo de transporte humano. Mas o ponto realmente negativo é o grau de informalidade e a consequente falta de responsabilidade civil e criminal sobre o produto dos montadores.
 
A diferença está na seriedade do proprietário do estabelecimento.
Cito o Thiago e sua pequena bicicletaria que cumpre a palavra e entrega qualidade. Suas bicicletas montadas são tão boas ou melhores que as concorrentes de fábrica, mas infelizmente ele é uma das exceções do mercado. É deprimente ouvir de um proprietário de bicicletaria a argumentação: "Se a bicicleta não quebrar como vou ganhar dinheiro depois?", mas a justificativa retrata bem a realidade. O negócio das bicicletarias está de fato na oficina, na troca de peças. Para a maioria delas "qualidade" atrapalha o negócio.
 
 
Comprar uma bicicleta montada ou as peças para montar?
 
O que é muito importante nos dois casos, comprar bicicleta montada ou para montar, é ter um bom conhecimento sobre mecânica e o que está disponível no mercado.
Quem não faz idéia do que seja a montagem de uma bicicleta tem que contar com a capacidade, seriedade e boa fé do dono ou vendedor da bicicletaria, ou vai levar para casa o Frankenstein dos sonhos (até a primeira pedalada).
 
 
O que deve ser visto por quem prefere a bicicleta montada?
 
  • Ter todo conjunto de quadro, garfo, e demais peças e componentes compatíveis entre si - certificar-se com o fabricante (via website por exemplo).
  • Comprar, de preferência, conjuntos completos lacrados - e com manual de instrução.
  • Observar que peças da mesma marca facilitam muito a montagem.
  • Não montar pelo preço mais baixo, mas levar em conta a qualidade.
     
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    O que é compatibilidade e o que tem que ser compatível?
     
    Sistema de transmissão e marchas
  • trocador, cabos, flexíveis, câmbios, diâmetro do tubo selim, suporte de câmbio ou gancheira traseira, engrenagens (K7 ou catraca), desenho das engrenagens, espaçamentos das engrenagens, número de engrenagens (marchas), corrente apropriada.
     
    Sistema de freio
  • manetes, cabos, conduítes, freios, sapatas, aros / disco
     
    Sistema de caixa de direção
  • projeto do quadro - tipo apropriado de caixa de direção
     
    Canote de direção, espaçador(es) e garfo
  • medidas compatíveis de encaixe
     
    Medidas do quadro
  • geometria geral em relação curso de suspensão
  • geometria - abertura traseira - número de marchas
  • tamanho roda = posição eixo de freio / furação do freio
  • desenho forquilha corrente
  • tipo de gancheira - marchas ou não / diâmetro do eixo
  • abertura para pneu
  • se é próprio para freios convencionais ou disco
  • diâmetro do tubo de selim
  • diâmetro / largura / tipo de encaixe da caixa do movimento central
     
    Movimento central
  • comprimento e diâmetro corretos para o quadro
  • rosca correta para o quadro
  • comprimento do eixo adequado ao sistema de transmissão
  • tipo de ponta eixo compatível com a pedivela
  • parafuso de fixação da pedivela
     
    Pedivela
  • comprimento correto para o ciclista
  • desenho - curva em relação ao eixo
  • desenho - curva em relação ao quadro
  • tipo de fixação
  • diâmetro da rosca do pedal
  • forma de fixação das coroas
     
    Garfo (com suspensão ou não)
  • geometria - caster próprio para geometria do quadro
  • diâmetro do tubo ou canote de direção
  • curso da suspensão próprio para geometria quadro
  • comprimento do tubo ou canote de direção em relação à caixa de direção
  • sobra prevista para tubo ou canote de direção
     
    Avanço
  • diâmetro em relação ao tubo ou canote de direção do garfo
  • altura do tubo de fixação do avanço em relação ao canote e garfo
  • diâmetro do guidão
  • ângulo / comprimento em relação ao ciclista
  • tipo fixação X uso da bicicleta
     
    Rodas
  • diâmetro aro + pneu = comprimento forquilhas / garfo
  • largura do aro em relação ao pneu que será usado
  • número furos do cubo = número de furos do aro = número de raios
  • medida do eixo compatível com o quadro e com o garfo
  • número de marchas em relação ao quadro
  • tipo de raio x uso da bicicleta
  • largura flange / apoio dos raios = resistência da roda x uso da bicicleta
  • cubo + aro + número cruzadas dos raios = comprimento dos raios
  • comprimento e diâmetro niples compatíveis com os aros
  • peso do conjunto
  • montagem compatível com a resistência desejada para a roda
     
    Aro
  • resistência
  • peso: quanto menor, menos esforço ao pedalar
  • resistência X peso
  • capacidade de frenagem = atrito com as sapatas
  • durabilidade ao atrito das sapatas
  • junção = qualidade de frenagem
  • tipo de apoio para o pneu
  • diâmetro da furação para o bico da câmara
  • tipo de fita de aro necessária
     
    Cubo
  • depende do uso que se fará da bicicleta
  • apoio dos raios = durabilidade dos raios e roda
  • tipo de vedação para poeira
  • rosca para catraca ou encaixe (corpo da roda livre) para cassete
  • apoio para freio a disco ou não
  • eixo com rosca ou blocagem
     
    Pneu e câmara-de-ar
  • pneu adequado ao aro da roda
  • pneu apropriado ao uso que se fará da bicicleta
  • câmara-de-ar compatível ao pneu utilizado
  • bico da câmara-de-ar compatível ao furo do aro da roda
     
    Guidão
  • para qual uso se destina = resistência = segurança
  • ângulo da empunhadura
  • curva
  • diâmetro
  • largura
     
    Canote de selim
  • diâmetro compatível e justo para diâmetro interno do tubo de selim
  • tamanho do canote de selim: adequado ao tamanho do ciclista. Os bons canotes de selim trazem uma marca de inserção mínima para dentro do quadro da bicicleta. Pode ser útil observar a seguinte conta: 3 vezes a medida do diâmetro do canote de selim deve estar inserido dentro do quadro + a parte que ficará para fora do quadro = medida mínima do comprimento do canote para a altura do ciclista.
  • tipo de carrinho para selim compatível com o selim
     
    Cabos / conduites
  • flexibilidade e elasticidade próprios para o sistema (câmbio ou freio)
  • compatíveis, próprios, tamanho correto, bem cortados, sem arestas
  • flexibilidade e elasticidade compatíveis aos sistema usado
  • pontas com encaixe perfeito para manetes ou passadores
     
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    A montagem da bicicleta
     
    O melhor é organizar tudo por caixas e por ordem de processo, para não ficar procurando coisas perdidas na hora de iniciar o trabalho. Mais que isso, organizando tudo previamente você também faz uma avaliação mental de todo o processo, o que resulta em qualidade e facilidade em todo processo de montagem.
     
    Da mesma forma que recomendamos em nossa página "mecânica de bicicletas" (link na página inicial do site ou no mapa do site) o ideal é fazer paradas, dar pausas, entre cada um dos processos. Concluída uma operação, um processo ou etapa, beba água, ande um pouco, converse, enfim areje a cabeça. Por incrível que pareça isto pode fazer com que o tempo total de montagem seja mais rápido.
     

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